Antes de partir de férias uma amiga disse-me para aproveitar ao máximo o meu tempo e,quem sabe, escrever um livro. Um livro não acredito que escreva tão cedo, até porque não sei se tenho muito jeito para isso.
Mas aqui fica um texto que escrevi hoje e que deve ter muitas imperfeições, se calhar leio-o amanhã e envio-o para o lixo por já não gostar dele. Ainda não tem título e poderá não chegar a tê-lo.
Floria a mais bela das Primaveras nela, quando um raio anunciou o aproximar de uma tempestade. O céu mais limpo e azul, tornou-se escuro e a chuva caiu torrencialmente, molhando os lugares que ainda há pouco uns escassos raios de sol tão carinhosamente aqueceram.
Lá por isso o mundo não deixou de girar à sua volta frenético: cada um insistia nas suas teimosias, ora porque a conta bancária choruda lhes interessava, ora porque sabiam que ao final da tarde poderiam pousar a cabeça no colo da vizinha, e tudo ficaria quase bem.
Mas dentro dela tudo parou e morreu, como se pudéssemos fazer com que o relógio deixasse de galgar as horas, e permanecêssemos naquele vazio comum dos desgostos mais profundos.
Tudo nela mergulhou numa profunda tristeza e ela que não tivera a sorte de conhecer por grandes momentos o cheiro doce da felicidade, fechou os olhos desocupados e sós, e decidiu desistir de viver.
Os mais próximos acharam a sua atitude exagerada, porque sempre conheceram nela uma vivacidade fora do comum, que julgavam não deixar-se abater por uma tempestade. Afinal, já estaria habituada àquele tipo de fenómeno, e quem já passara por tantas, certamente não se deixaria derrubar por esta.
O que eles não sabiam é que naquela jovem as tempestades já tinham causado demasiados estragos, mas nunca os deixara transparecer, pois acreditava que depois de cada tempestade iria surgir o Verão mais maravilhoso, que iria com o seu sol, acariciar e reparar os estragos feitos. Portanto, não valeria certamente a pena cair em prantos, que seriam, ao fim de algum tempo, vistos como momentos de fraqueza.
Ao seu redor deparava-se com lindos jardins que eram ano após ano, aquecidos por um sol radioso. E ela questionava o que teriam os outros feito para terem conseguido tamanha sorte e ela não. Uns diziam para que tivesse calma, outros incitavam-na a esperar. E assim fez. Esperou e esperou. Por vezes, espreitava um tímido raio de sol por entre as nuvens, mas o Verão nunca chegou.
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