quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Emanuel Félix

       Durante uns anos ouvi o meu pai e a minha avó paterna  falarem deste senhor. A ligar-nos havia laços de sangue, interrompidos por decisões de vida que não agradaram, e  isto ditou o afastamento desta figura que se fez ao mundo.
       Gostaria do o ter conhecido pessoalmente. Lembro-me de o avistar a subir, ou a descer a rua da Sé, mas sempre achei "esquisito" abordar alguém na rua e proclamar-se seu parente.
       Hoje faria 76 anos e quis fazer-lhe esta pequena homenagem.
       Aqui fica um dos seus enúmeros poemas:


PEDRA-POEMA PARA HENRY MOORE


Um homem pode amar uma pedra


uma pedra amada por um homem

não é uma pedra

mas uma pedra amada por um homem


O amor não pode modificar uma pedra

uma pedra é um objecto duro e inanimado

uma pedra é uma pedra e pronto

Um homem pode amar o espaço sagrado


que vai de um homem a uma pedra

uma pedra onde comece qualquer coisa ou acabe

onde pouse a cabeça por uma noite

ou sobre a qual edifique uma escada para o alto

Uma pedra é uma pedra

(não pode o amor modificá-la nem o ódio)

Mas se a um homem lhe der para amar uma pedra

não seja uma pedra e mais nada

mas uma pedra amada por um homem

Ame o homem a pedra

e pronto








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